Teste Yamaha XJ6
Texto : Carlos (Bitenca) Bittencourt
Linhas modernas e escapamento entre eixos combinam com o canhão de quatro cilindros
Não se engane, essa moto tem todo espírito esportivo da marca, com a vantagem de se adaptar melhor às características do nosso mercado, pois ela tem propriedades mais genéricas e pode agradar a um público maior, num ambiente menos concorrido do que a Europa ou América do Norte.
Modelo carenado oferece mais proteção ao piloto - foto: Yamaha divulgação
Essa moto vem em duas concepções, o modelo carenado o naked que testamos. Com a carenagem, em velocidades de cruzeiro o piloto não se cansa tanto pois não tem que forçar o corpo contra o vento, a carenagem faz isso para ele. Entretanto carrega um peso adicional e um valor maior na hora da compra.
Na corrente mais atual de desenvolvimento de chassis a XJ6 conta com estrutura central compartilhada pelo bloco do motor e seu módulo traseiro parafusado nele. Por barras periféricas o canote da direção é anexado ao triângulo de sustentação da rabeta da moto e o motor faz parte da estrutura para maior rigidez da área da fixação da balança.
Diferença entre A e B e as medidas dos ângulos â e ê proporcionam neutralidade do chassi e progressividade na suspensão. Medida do off-set, trail e ângulo do rake (ataque da suspensão) proporcionam boa dirigibilidade.
Esta, por sua vez é bastante longa, o que atenua bastante o arco em que a roda percorre, minimizando variações da distância entre-eixos enquanto se trafega. Isso proporciona um chassi muito neutro quando afetado pela buraqueira das cidades brasileiras. Os ângulos entre o amortecedor e o de ataque da balança, proporcionados pela diferença de altura entre o eixo da roda e o eixo do pivô da balança (B) promove uma alavancagem progressiva, próximo do que seria se tivesse link no acoplamento do amortecedor. A coroa, bastante grande alivia as forças suportadas pela balança e estrutura do seu pivô. Bem inteligente e mostra que dá um resultado favorável, pois mesmo sem aquele link a suspensão apresenta uma sensibilidade razoável no início do seu curso e ainda assim suporta bem os grandes impactos. Nessa moto todo material utilizado é mais convencional, evitou-se o uso de materiais caros como o alumínio, tanto na balança quanto no próprio chassi, mas nem por isso as boas qualidades foram negligenciadas pois possui estabilidade estrutural suficiente para a proposta e uma geometria excepcional.
Motor mais elástico e de bom torque e potência
O Motor não deixou de ser bem trabalhado também. Na FZ6 ele estava mais explosivo, com picos de potência e torque mais agudos que apesar de proporcionarem uma tocada bem esportiva, demandava uma experiência maior e mais habilidade com o câmbio e embreagem. Dosando a potência com a embreagem, tanto na aceleração quanto na desaceleração. Um piloto esportivo ia querer uma embreagem deslizante mas daí a proposta da moto teria que ser diferente.
A concepção moderna desse propulsor proporciona um bloco compacto, de massa bem concentrada e a alteração na embreagem tornou-a mais leve do que na FZ6. A transmissão pede capricho nas trocas mais rápidas mas coloca o giro do motor sempre na condição de melhor aceleração, desde que você troque a marcha na faixa correta. Para um rodar tranquilo, ele aceita bem trocas em giro baixo e isso é bom para o conforto e economia. Mas se necessário ele está lá. Suba a rotação para além de 6000 rpm que a resposta será forte e firme. Acelerando até próximo de 10000 rpm você obtém a aceleração máxima para cada troca de marcha, e ela não é pouca, precisa atenção quanto à disponibilidade de tração, que por sinal é bastante boa, proporcionadas pelos pneus Metzeler.
Frente comportada e freios potentes conferem boa sensibilidade nas suas ações.
As suspensões são muito bem equilibradas, mas apenas a traseira tem ajuste na pré-carga da mola. Na maior parte dos pilotos ela está bem calibrada, apenas aos mais pesados seria bom um novo ajuste do sag para melhor resultado. Também os mais radicais podem deslizar as bengalas nas mesas um pouco, para que as respostas aos comandos do guidão sejam mais rápidas ainda.
O freio traseiro é bom e sensível mas pode travar se a traseira ficar muito leve nas frenagens mais fortes, freio motor ajuda.
Uma boa motocicleta feita para um mercado que se torna maduro. Proporciona prazer na pilotagem com boa relação custo/benefício porque com a simplicidade da sua construção mas com uma tecnologia muito desenvolvida oferece um resultado que agrada tanto os mais experientes quanto os novatos na categoria.
A evolução do mercado brasileiro em qualidade de produtos e também em quantidade exige produtos mais alinhados com mercados e consumidores mais exigentes.
O consumidor brasileiro tem na XJ6 uma das excelentes opções nesta classe.
O preço de R$ 27.500,00 é competitivo e a decisão do consumidor vai ficar por conta dos detalhes e dos itens que não estão ao alcance direto da própria motocicleta, mas muito mais da fábrica: atendimento, peças de reposição e qualidade do serviço na concessionária.
A concorrência forte no segmento destaca a XJ6 como a porta de entrada ao mundo dos 4 cilindros.
Ficha técnica